Capítulo 1
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O despertador tocou, mas naquela manhã eu não o soquei e voltei a dormir como faço sempre. Não. Tudo naquele dia tinha que estar perfeito.
Por isso, eu logo me pus de pé e fui para meu banheiro. Uma das vantagens de ser filha unica é o fato de eu ter um quarto e um banheiro só meu, fato. Eu não saberia dividir meu banheiro com mais ninguem.
Enquanto a água quente caia em meus cabelos eu pensava na roupa que iria usar. Quando eu decretei que tudo tinha que estar perfeito, isso incluía minha aparencia. Enquanto passava todo meu guarda-roupas na cabeça, constatei que precisava urgentemente fazer compras! :(
E aquilo não era futilidade, até mesmo porque eu nunca fui futil. Mas eu estava realmente nervosa. Sai do banheiro, e parei para observar meu quarto. Tudo perfeito, desde a cama king-size, passando pelo teto azul com efeito esfumado em branco (dando a impressão de um séu muito azul), até a parede em textura verde. Tudo mínimamente organizado, livros nas pratileiras brancas e a escrivaninha branca perfeitamente, arrumada.
Franzi a testa ao reparar na cama desfeita. Fui arruma-la ainda de toalha. É o que a Fee chamava de “irritante mania de perfeição”.
Depois da cama arrumada, tornei a observar o quarto. Agora sim, era o quarto perfeito, como de uma criança mimada, ou de uma princesa, ou de uma filha de um parlamentar.
Sorri, ao lembrar de
Fui até o guarda-roupas e o abri, já com a roupa escolhida em mente. Peguei minha calça jeans skinny favorita e a pus, sorrindo ao perceber que ela moldava meu corpo de uma forma legal, e que minhas coxas não ofereciam nenhuma resistencia. Sai á caça da minha blusa vermelha com listras brancas sem mangas e a pus por cima de uma blusa cinza de manga comprida e capuz. E decidi usar meu companheiro de todas as horas, meu All Star vermelho-sangue de cano curto.
Para finalizar, as argolas, em forma de estrelas, o colar com um pingente de guitarra e meu óculos de sol, que cobriam a maior parte do meu rosto. Verifiquei-me no espelho, e me senti satisfeita com minha imagem refletida.
Escutei o celular tocar, e percebi que era uma mensagem de texto de “Boa sorte hoje, não que você realmente precise. Te vejo na aula de inglês (¬¬) xoxo ”.
Não respondi, não era realmente necessário. Peguei minhas coisas e dessi às escadas.
Encontrei meu pai na cozinha, enxendo uma tigela com cereal e leite. Nosso café-da-manhã diário.
- Oi filha – ele disse ao me ver atravessando o portal da cozinha – Achei que ia acabar se atrasando hoje.
Eu sorri enquanto me sentava na mesa para comer meu cereal.
- Eu nunca me atraso pai. Não ia ser justamente hoje a primeira vez, né? Me passa o leite, por favor?
Ele me entregou a jarra de leite rindo.
- Eu sei só estava brincando. Queria desejar boa sorte. Ou, como dizem os atores, “merda pra você”.
Eu sorri mais ainda com a brincadeira dele, e me consentrei no cereal. Quando terminei o café-da-manhã, escovei os dentes e me despedi de papai com uma beijo na testa. Depois sai de casa.
Fiquei pensando no dia que teria pela frente, enquanto caminhava sobre o sol. No meu caminho para à escola.
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